Competências Sociais e Emocionais dos Jovens – Evidências Recentes

A OCDE acaba de publicar o relatório da 2ª edição do seu Estudo sobre Competências Sociais e Emocionais (SSES, 2023). Este estudo decorreu entre março de 2023 e janeiro de 2024, em 16 países ou cidades [1]. À semelhança do anterior, recolheu dados sobre alunos de 15 anos (em todos os países) e 10 anos (apenas em alguns países), junto das crianças/jovens, seus professores, famílias e diretores de escolas.

Embora Portugal não tenha participado nesta edição, eis alguns dos principais resultados:

• De modo global, as competências sociais e emocionais (CSE) diminuíram entre 2019 e 2023 – a OCDE aponta um possível efeito da pandemia e dos sucessivos confinamentos no desenvolvimento dos alunos;
• As diferenças de idade, estatuto socioeconómico e género, encontradas no

primeiro estudo, mantêm-se:

• Os alunos mais novos reportam competências mais elevadas;
• Alunos em situação de desvantagem socioeconómica reportam menores níveis de competências;
• Rapazes e raparigas diferem nos seus níveis de competências socioemocionais, e essa diferença aumenta dos 10 para os 15 anos. Embora já se verificassem em 2019, estas diferenças de género são ainda maiores em 2023;

• O relatório reforça a relação entre CSE, o bem-estar dos alunos, e a adoção de comportamentos saudáveis;
• As raparigas reportam menos comportamentos saudáveis e menor satisfação com a vida e bem-estar psicológico que os rapazes, mas reportam também ser mais ambiciosas nos seus percursos académicos e profissionais futuros.

A OCDE levanta, ao longo do relatório, alguns pontos de reflexão para as escolas e os profissionais de educação, dos quais se destacam os seguintes:

• A OCDE discute a mudança de foco na forma de entender estas competências: não só são maleáveis (malleable), mas são sobretudo ensináveis (teachable), colocando em primeiro plano a importância da intervenção e promoção ativas das CSE para o desenvolvimento global saudável dos alunos;
• As competências sociais e emocionais estão relacionadas não só com o desempenho académico (i.e., notas), mas também com o absentismo e a pontualidade na escola (maiores níveis nas competências sociais emocionais estão relacionadas com menores níveis de absentismo e maior pontualidade);
• As oportunidades de orientação vocacional devem ser mais acessíveis a alunos em situação de desvantagem socioeconómica, e com níveis de CSE mais baixas. Estes alunos têm maior probabilidade de estar indecisos em relação ao seu futuro percurso académico e profissional, e envolvem-se em menos atividades de orientação vocacional, além de estas oportunidades lhes serem mais inacessíveis;
• O relatório relembra a importância da adolescência como um período sensível no desenvolvimento dos alunos, e o apoio particularmente importante nas transições de ciclo;

Este relatório de resultados da 2ª edição do estudo apresenta apenas os dados relativos ao preenchimento do questionário por parte dos alunos (i.e., apresenta a perceção que os próprios jovens têm de si próprios). Um segundo relatório sairá no final de 2024, que apresentará a relação entre as CSE e um conjunto de variáveis da escola, da família e da comunidade.

A OCDE reconhece que muitos países começam a integrar as CSE nos seus currículos educativos, bem como outras iniciativas das comunidades neste sentido. Na página 26, o relatório destaca o esforço de Sintra para o trabalho nas competências sociais e emocionais em contexto escolar como uma prática promissora a valorizar. De recordar que o município de Sintra participou na primeira edição deste estudo (2019), integrando o seu relatório final, e estando disponível também a city note com os resultados apenas de Sintra, tendo posteriormente iniciado a implementação da iniciativa municipal ADN Socioemocioal das Escolas de Sintra 2.0.

O relatório da segunda edição do SSES (2023) pode ser encontrado aqui.